Quando comecei a escrever aqui, foi depois de uma palestra no TED com a Raquel Botsman, autora do best seller “O que é meu é seu: o despertar da Economia Compartilhada”. Quando fui buscar meu primeiro entrevistado no assunto, surgiu alguém que praticamente mudou de vida depois de uma palestra da Raquel Botsman.

E olha que tem um ano só, nessa mesma época de momo, eu nem sonhava com Raquel nem consumo colaborativo. Hoje estou desenhando uma plataforma. Raquel tem poder.

O entrevistado é hoje um dos messias do assunto, uma vez que administra o site-diretório principal da Economia Compartilhada no Brasil, assiste e participa de todo o processo informativo sobre essas empresas. Tem quase 200 plataformas divulgadas e listadas por setor, origem – nacional ou internacional – e data. Parece que o objetivo dele era bem maior que apenas listar sites e coletar views.

CONSUMO COLABORATIVO.CC

“ Pense que há uns 30 anos o sonho do jovem era ter o carro 0km. Quantos milhões de carros colocamos na rua nesse tempo ? Consumo desenfreado, capitalismo, nós criamos o caos que vivemos hoje no trânsito, somos 100% responsáveis por isso “ se culpa o entrevistado.

“ Tudo isso que rotulamos como Consumo Colaborativo ou Economia Compartilhada sempre existiu. A troca, o escambo, o compartilhamento, a solidariedade. Várias gerações depois e o capitalismo desenfreado acabaram com tudo isso. Agora nosso papel e das futuras gerações que já chegam ao mundo com uma nova consciência será mudar tudo isso e estamos conseguindo “ declara nosso entrevistado e eu acrescento: com a ajuda divina da Internet.

“ O ser humano está acostumado a ligar a bomba da TV e só acessar desgraça, enquanto isso não acessa as tantas mudanças e coisas boas que estão acontecendo. Basta mudar sua frequência e o mundo muda ao seu redor “ afirma o entrevistado, no que concordo por experiência própria, aqui em casa tem só uma TV, é smart e vejo NetFlix e Youtube quase sempre.

Ele é Vitor Pajola, publicitário e designer gráfico há 30 anos, não perguntei a idade. Mas deu para entender que ele é imigrante digital, como eu. Bem, não exatamente como eu porque ele trabalha o tecno há muito mais tempo que eu. Em 98 eu ainda escrevia à máquina. Mas era a elétrica, modernosa. Imigrante digital é aquele profissional que muda para a Internet com malas e bagagens analógicas.

“Desde 1998 junto com minha esposa possuímos a Frequência, Agência de Internet e Soluções Digitais. Mas em 2013, depois de uma palestra da Raquel Botsman, comecei no assunto Sharing e também na busca por uma consciência maior iniciei-me na área holística. Hoje sou Terapeuta e junto com minha esposa em 2015 criamos a Makia um Espaço Holístico, Centro de Terapias e Retiros voltados ao Bem Estar, Autoconhecimento e Evolução da Consciência “, conta.

Essa união entre dois mundos aparentemente opostos, Economia e Consciência Coletiva, faz parte da explicação do funcionamento do consumo colaborativo. Porque boa parte dos assinantes de sites de sharing tem mais que objetos a oferecer e mais que dinheiro a ganhar. E pelo menos 30% dos sites listados no Consumocolaboraticvo.cc simplesmente não envolvem dinheiro, apenas ações e objetos a trocar.

Mas quem é doido de receber um estranho gratuito em casa para consertar uma pia entupida ? O sistema de reputações on-line é o que sustenta todo o sistema colaborativo. Assim como todos acreditarem num pedaço de papel com onça pintada faz a economia funcionar.

Os pontos dados são sagrados e criptografados, que nem bitcoin. Se a empresa bobeia e permite pontuação fraudulenta, surgem zilhares de pecadores que destroem a marca tão rápido quanto o Uber que você chamou no feriado.

“ Lembro-me que ao contar para as pessoas, em 2013, elas diziam : imagine ! voce é louco ! quem vai compartilhar uma casa, um carro ? ainda mais no Brasil. Só acreditando realmente para enxergar o que será isso, a economia do futuro “ , relembra Vitor.

Vitor não pôde ajudar com a minha terrível questão cotidiana, já perguntada a quase 30 profissionais de áreas próximas a Economia Compartilhada, Como será a cobrança de imposto de renda esse ano para os casos de empresas pagantes fora do país ? Já tem leitor me cobrando isso. “ Não conheço especialista, ainda mais que as leis estão começando a agora a se adequar a essa nova economia que veio para ficar.” explica.

Eu declarei meus ganhos do AirBnb e do Fleety como pagamentos de terceiros por serviços prestados. O excedente mensal da cota que-não-sei-dizer-o-tipo eu paguei no carnê-leão, esse nome que me lembra o Zoo de Vila Isabel e as origens do Jogo do Bicho.

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Alexander Gomes
Jornalista, produtor de conteúdo, revisor web.