Você já se viu consumindo colaborativamente? Então, falando assim até parece que vou falar sobre uma cultura socialista não é mesmo? Não. Estou falando do nosso sistema capitalista mesmo e um novo modelo de consumo em que todos podemos estar inseridos. Em tempos de crise em vários segmentos, todas as famílias estão buscando alternativas para economizar e continuar tendo acesso aos bens de consumo. Muitos são os desafios, pais buscando creches públicas retirando as crianças do ensino privado; pessoas pesquisando incansavelmente por preços menores antes da aquisição; vigiando o consumo de água, luz, combustível e muito mais. Tenho visto os prestadores de serviços de consertos em geral, como em roupas, calçados, móveis, eletrodomésticos e equipamentos se desdobrando para atender as demandas. São alternativas para equilibrar as finanças pessoais, as despesas mensais e o consumo em geral, pois afinal não vivemos para consumir, mas consumimos para viver, necessariamente.
Voltando então à pergunta: será que você já consumiu algo colaborativamente? Com certeza, SIM. Puxemos na memória: algum dia já dividiu um taxi com um amigo; um quarto de hotel para ficar mais em conta; rateou a gasolina para uma viagem; dividiu o valor da compra feita para a festinha de família; trocou dia de serviço; trocou um bem por outro envolvendo dinheiro ou não; colocou um bem que não estava usando, estava ocioso, para a venda e inclusive levantou recursos com esta prática para algo que estava precisando; cedeu a terra para o plantio em troca da colheita à meia; passou para frente aquelas roupas que não lhe serviam mais e que poderiam ser muito úteis para outras pessoas, praticando o desapego; dividiu um espaço com um outro empreendedor para ficar mais em conta para ambos; se juntou com outros empresários do mesmo segmento para negociar com um fornecedor aumentando seu poder de compras; liderou a constituição de uma cooperativa de crédito em seu município para melhor atendimento às demandas da população; contribuiu para a criação de uma moeda social; compartilhando necessidades comuns com outros municípios e na qualidade de líder, constituiu um consórcio para atender as necessidades da população na área da saúde, educação ou mesmo para a destinação do lixo; somou forças com outros colegas pares e constituiu uma associação que os representasse e com isso facilitou o acesso à bens que antes não seria possível? Estes são apenas alguns exemplos de consumo colaborativo, uma prática tão antiga quanto necessária nos dias atuais, para o equilíbrio do mercado e do atendimento às demandas atuais.
Não poderia deixar de falar aqui, das redes, das conexões hoje possíveis com tanta facilidade desde a explosão da internet que está presente num click na vida de todas as pessoas. Com as pessoas conectadas, é fácil e rápido saber das necessidades das empresas, empreendedores, pessoas físicas em geral, ou seja, de todos nós. E isso facilita muito a prática do consumo colaborativo. Mesmo assim vejo várias pessoas um pouco perdidas para tentarem se inserir. Pensando nisso, criei o método IDEAL – que consta no meu livro Consumo Colaborativo e segue abaixo com as descrições para que você também possa usar em sua rotina a partir de hoje.
1. Identificar – Identifique quais são suas competências de natureza cognitiva, atitudinal e operacional. O que você sabe fazer que se destaca por ser um diferencial, que outras pessoas poderiam se beneficiar destas, se as tivessem disponíveis? Identifique também quais suas necessidades atuais, o que você precisa para o seu consumo ou para realizar os seus sonhos, objetivos, projetos de vida e ou metas, que você não tem e que precisaria conseguir? Identifique também o que você tem ocioso em casa ou na sua organização; algo que talvez tenha adquirido há tempos. O que você adquiriu há algum tempo que nunca usa ou que usa muito pouco? Avalie a porcentagem de tempo que usa este item. Será que você precisa mesmo deste item, ou somente o benefício deste?
2. Doar – Doe suas competências em troca do que está precisando. Aqui precisa entrar a ATITUDE e a ação. Adquira novos hábitos de consumo e um novo estilo de vida. Agora é colocar atividades em forma de plano de ação para operacionalizar.
O QUE SERÁ FEITO? QUEM FARÁ? QUANDO? QUANTO? POR QUÊ? ONDE? COMO?
3. Estabelecer – Estabeleça contatos, criando uma rede com qualidade; crie e use uma rede de possibilidades de troca de interesses. Grupos similares, ou com as mesmas necessidades. Esta rede pode ser de pessoas físicas ou de empresas, organizações.
4. Avaliar – Avalie os ganhos que pode ter individual e ou coletivamente.
5. Libertar – Liberte-se das amarras; pratique o desapego; abra-se para o coletivo e promova a prosperidade na sua vida e na do próximo. Aja para alcançar resultados, realizar os seus objetivos; prime pela sua liberdade, sua independência financeira.
26/09/2016- Elisabete L. S. Carvalho é educadora financeira, mestra em administração de empresas; especialista em gestão de pessoas e negócios. Autora do livro: Consumo colaborativo como alternativa ao consumismo e o endividamento. http://elizabetecarvalho.com.br/ elizabete@elizabetecarvalho.com.