Outro segmento polêmico está no financiamento coletivo de empréstimos diretos a pessoas, ou empresas, para que quitem suas dívidas, alinhem seu fluxo de caixa ou simplesmente façam novos investimentos no negócio, sem a intermediação bancária ou dos agentes tradicionais.
Com a adesão em massa dos novos meios de análise de crédito e risco (credit score) de mercado, as análises de informações e de potencial de pagamento tornaram-se muito mais acessíveis. Além disso, as pessoas e empresas possuem acesso a um volume assustador de informação esclarecedora, de maneira que podem optar por buscar no mercado outras formas de financiamento de suas dívidas ou projetos sem terem que se curvar as exigências cada vez mais rígidas dos sistemas financeiros tradicionais.
Novamente, no Brasil, ainda é um setor muito pouco explorado, basicamente, a meu ver, pela prematuridade dos instrumentos de análise de crédito (ainda esparsos e deficitários em relação a outros países), bem como pelos entraves legais e burocráticos para esse tipo de operação interna de empréstimos. Os juros praticados no Brasil, igualmente, são outro limitador para esse tipo de financiamento. Mas muito em breve teremos notícias de um formato próspero nesse ramo de atividade. Uma das mais respeitadas consultorias do mundo, a KPMG já começa a se manifestar sobre determinados pontos do crowdfunding internacional, justamente por observar seu potencial de afetar os meios tradicionais de empréstimo e circulação de riqueza a partir dos juros.
Uma delas já circula na internet, não sobre campanhas desse tipo por aqui, mas sobre a preocupação do “tradicional” sistema bancário com a forca desse tipo de atividade coletiva. O Santander já iniciou movimentos para fechar parcerias com grandes sites de empréstimo coletivo no exterior, em um claro movimento de respeito pela concorrência: afinal, subestimar o poder das multidões pode ser muito arriscado para o meio como os bancos atualmente se relacionam com seus clientes. Não podemos esquecer que, movimentos nesse sentido certamente irão despertar a atenção do Banco Central no sentido de regulamentar potenciais players desse segmento.
Esse tipo de financiamento coletivo de endividamento ou de investimentos, apesar do risco, apresenta taxas de retorno muito mais interessantes, especialmente pela diluição do risco global, em detrimento do rateio do resultado operacional esperado.
Some-se a isso que pequenas empresas e pessoas físicas endividadas não são um alvo de interesse bancário. E mais: dados do Ipea mostram que, no Brasil, somos apenas 50 milhões de pessoas com conta bancária. Os outros 53 milhões ainda utilizam unicamente dinheiro para todas as suas transações financeiras, ou seja, um vasto campo de ação e crescimento de mercado, se for bem explorado.
Atrelado a isso, surge um pujante e próspero setor de análise pré-operacional dos projetos apresentados, uma verdadeira due dilligence sobre o caso, com fins de analisar a viabilidade, garantias, capacidade de pagamento, liquidez entre outras.
Os profissionais atrelados aos sites que atuam nesse ramo de financiamento são altamente gabaritados e possuem faro para situações potencialmente problemáticas. Até por isso, uma das características principais de sites desse tipo é que praticamente todas as campanhas só podem ir ao ar após a análise e aval dessa equipe. Sem isso, não há sequer a divulgação da campanha para evitar o risco de um fracasso financeiro deplorável aos olhos do mercado.
Fonte: Vinícius Carneiro – Segs.com.br-Portal Nacional