Vejo a adoção da economia colaborativa como uma atitude empreendedora para alcance de resultados, sendo esta uma alternativa para geração de recursos, com menos investimentos financeiros. Um município se faz de pessoas para pessoas, sendo então que o maior capital dentro deste contexto é o capital social e é este capital que promove desenvolvimento.
Vale ressaltar que capital social aqui neste contexto está sendo referido dentro de uma perspectiva ou conceito político, que tem a ver com os padrões de organização e com os modos de regulação praticados por uma sociedade.
Em setembro de 2015, chefes de Estado e de Governo e altos representantes, reunidos na sede das Nações Unidas em Nova York construíram uma nova agenda universal com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas. Estes são integrados e indivisíveis e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. A partir desta agenda, surgem os 5 “P”s para o desenvolvimento sustentável, os cinco elementos cruciais para a sustentabilidade do planeta, que são: PESSOAS – PLANETA – PROSPERIDADE – PAZ e PARCERIA, sendo a parceria, transversal a todos.
O consumo colaborativo apresenta-se como uma alternativa para contribuir no alcance deste equilíbrio dos 5 PS, pois as PESSOAS, precisam de um novo modelo para conseguir bens materiais e serviços porém com um custo menor, tanto pessoal como ambiental. Temos atualmente um acesso facilitado por meio das redes através de GPS, Wifi, 3G e Bluetooth, que está crescendo a um ritmo de explosão e isto nos possibilita conectar com pessoas e acessar coisas que queremos e ou necessitamos, com um click. Se podemos nos conectar com pessoas que podem ter as mesmas necessidades ou podem ter as soluções para suprir necessidades, ganhamos com o acesso “conveniente”, que nos possibilita usufruir noutros modelos que não necessariamente possuir, o modelo convencional.
Trazendo para a realidade dos municípios, que tem problemas comuns, como de: locomoção, transporte para promover educação, produção de bens; acondicionamento e destinação do lixo; saúde ou estrutura para promoção desta; acesso; falta de alimentos; água, etc. Diante de tantos problemas, muitos gestores públicos veem oportunidades para estreitar os laços e promover a PARCERIA, muitas vezes com os municípios próximos, que somados, encontram força para sobreviver e gerar PROSPERIDADE. Muitas são as iniciativas que diante de problemas comuns destes, são articulados e criados consórcios intermunicipais de saúde, de transporte e educação; cooperativas são criadas como solução de problemas locais, gerando uma REDE de PARCERIAS e PROSPERIDADE, ocupação, emprego e renda para as PESSOAS. Empresários que se unem em formação de REDES e CENTRAIS de COMPRAS, gerando valor, facilitando o acesso a fornecedores que sozinhos não conseguiriam; empreendedores compartilhando local para funcionamento e até colaboradores; Lugares que não tinham bancos convencionais e que a criação de cooperativas, passaram a valorizar o dinheiro local e cuidar de forma personalizada de seus clientes. Iniciativas como de criação de moedas sociais, valorizando o acesso ao invés da posse do dinheiro convencional.
Se exercitarmos fortemente a visão empreendedora, pensando no equilíbrio do nosso PLANETA, em formas de aumentar o acesso ou consumo, em detrimento à posse, para reduzir as nossas “pegadas” de carbono na atmosfera, passaremos a COMPARTILHAR muito mais. Já temos o exemplo de serviços em nível públicos e privados compartilhados, como: carros, bicicletas, dormitórios, casas, quartos, ferramentas, equipamentos, bibliotecas, praças, metrôs, táxis, etc. São inúmeras as plataformas de compartilhamento e iniciativas existentes. Uma vez que entendermos que para ter o acesso eu necessariamente não tenho que ter a posse, que isso pode ser compartilhado e agregará mais valor proporcionando o equilíbrio ao PLANETA, pois estaremos aproveitando muito mais a CAPACIDADE OCIOSA de muitos bens, equipamentos, espaços e competências; isto às vezes alugando mais em conta o que está ocioso, promovendo a troca de dia; permutas, praticando o desapego, financiamentos coletivos e muito mais.
Estamos com 60 milhões de inadimplentes no Brasil. Esta situação gera desconforto, doenças emocionais, perda de emprego, problemas sociais diversos, como suicídios em função das dívidas, separações de famílias, aumento dos vícios em busca de alternativas para sufocar o sofrimento, o que vai levar a aumentar ainda mais, até acidentes no local de trabalho e baixa produtividade.
Aqui no Brasil temos excesso de terras disponíveis, mas uma grande parte ociosas. Talvez realmente sobre a ganância em detrimento ao acesso e à renda.
Acredito que com o COMPARTILHAMENTO de forma ordenada, com gestão, orientada para resultados dentro dos municípios, pode gerar um melhor aproveitamento de espaços, pessoas, competências, equipamentos, e consequentemente, PAZ.
Elisabete L. S. Carvalho – Autora do livro: Consumo colaborativo como alternativa ao consumismo e o endividamento. Educadora financeira, mestra em administração de empresas; especialista em gestão de pessoas e negócios.
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